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Carta do Fundador

Carta à Fraternidade e aos amigos

Março de 2024

Caros amigos,

De tempos em tempos, lhes escrevo uma carta pois, quando tenho o coração cheio, ele transborda e torna-se uma exigência escrever por amor, por amor à verdade.

Eu lhes quero tão bem que algo escrito não é o suficiente para dizer isso, mas também sei que não precisamos de palavras para dizê-lo.

Além do bem que transborda do meu coração, tenho muitos motivos para não me calar. Estamos atravessando um momento trágico. Guerras, povos que agridem outros povos, carnificinas. Como podemos combater tudo isso com as nossas forças?

Somente a ajuda de Deus pode nos sugerir as palavras certas a serem ditas aos outros e entre nós. Como diz o salmo 118:

            “É melhor refugiar-se no Senhor que confiar no ser humano.

            É melhor refugiar-se no Senhor que confiar nos poderosos.”

Só Deus salva o homem de todo o perigo: “Na aflição clamaram ao Senhor e ele os livrou de suas angústias”, diz o salmo 107.

Não existe angústia pior do que assistir o ódio se alastrar como acontece neste tempo. E o ódio exprime sempre uma falta de compromisso, desincumbindo-se da própria responsabilidade de maneira violenta em vez de se ocupar de um caminho construtivo.

O homem é filho de Deus, deveria ter o desejo de ajudar os irmãos e, particularmente, os mais frágeis. E por que não acontece? Por que nos deixamos envolver até em nossas menores coisas por indiferença, reivindicações, divisões, agressões, violências?

Em escala mundial não socorremos mais os náufragos, aceitamos guerras que matam crianças, doentes, mulheres, idosos, nos destruímos reciprocamente, não nos detemos diante da ameaça nuclear. Sob os nossos olhos sucedem-se continuamente imagens terríveis e surgem cenários cada vez mais dramáticos.

Não vemos pessoas e instituições com autoridade que trabalhem incansavelmente para impedir as armas, o ódio, as guerras; pessoas e instituições imparciais que se posicionem à frente de um povo de operadores de paz que existe, mas não se consegue fazer escutar.

Eu gostaria que a sabedoria batesse finalmente à porta das nossas consciências e que fizéssemos força, todos juntos, para refundar a ONU e torná-la um instrumento novo, justo, eficaz contra os poderes excessivos de poucos. Se o mundo da boa vontade conseguisse fazer força nessa direção conseguiríamos parar as guerras fratricidas e inverter o curso da história, tenho certeza. Conseguiríamos investir os melhores recursos para o bem dos mais pobres, derrotaríamos o subdesenvolvimento e a fome.

Tenho um grande desejo: que as religiões, as grandes religiões que reconhecem o Deus único, façam um grande exame de consciência, se unam e se esforcem pela paz. Se isso não acontecer, o número de mortos continuará até o infinito e muitos inocentes morrerão ainda.

O SERMIG, cada um de nós, precisa se tornar cada vez mais uma referência em acreditar nisso. Esta é a nossa tarefa neste momento. Russos, ucranianos, palestinos, israelitas… não podem nos ver como amigos de um lado ou do outro, mas como amigos da Paz, Paz que é responsabilidade.

Confiemos na potência da oração, confiemos o mais intensamente possível. Rezemos por um povo de cada vez, convencidos de que, como diz São Paulo na carta aos Romanos:

“Se teu inimigo estiver com fome, dá-lhe de comer; se estiver com sede, dá-lhe de beber. Agindo assim estarás amontoando brasas sobre sua cabeça.” (Rm 12,20)

O único inimigo verdadeiro é o ódio, e ao ódio se combate com o Amor. Não bastam, no entanto, nossas forças humanas. Precisamos que seja o Espírito de amor a nos sugerir as invocações capazes de penetrar nos corações endurecidos, para amansá-los e fazê-los desejar a paz que amamos com toda a nossa força.

Caros amigos, comecemos já. Não há tempo a perder!

Boa oração, abençoemo-nos reciprocamente.

Ernesto e Maria

Turim, 17 de março de 2024.

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