Italiano English Português Français

Carta do Fundador

Carta à Fraternidade e aos amigos

Junho de 2024

Caros amigos,

Jesus buscou um a um de seus amigos para que caminhassem e vivessem com Ele. Poderia ter feito tudo sozinho, mas ao invés disso, não, escolheu amigos para nos indicar um caminho, para nos ensinar um método que só pode ser vivido junto a outros. Nos lembra, assim, que sozinhos arriscamos permanecer sozinhos, cheios de nós mesmo, ácidos. Sozinhos não se vai a lugar nenhum.

“O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir”. (Lc 10, 1)

Na nossa Regra resumimos esta escolha em uma frase: “Livres para dizer sim, livres para estar juntos”. Estar juntos é uma escolha que cada um de nós faz em sua plena liberdade, disposto a se colocar em ação. Nasce da convicção de que o caminho que Jesus nos indica deve ser percorrido junto a outros. Coloca em jogo a nossa vontade, para responder ao maior desejo: participar da missão comum que Jesus nos designa.

 “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”. (Mt 18, 20)

Sabemos bem que nem sempre é fácil estar junto, mas é justamente quando estamos juntos que percebemos quem somos, não sozinhos. Juntos aparamos as arestas dos nossos caráteres, juntos o olhar, a vista e o panorama se ampliam. Juntos se aprende a estar atento aos outros, a ser correto, a nos respeitarmos. Juntos se aprende a paciência, a espera e a surpresa com as novidades que o Espírito inspira.

Somente juntos se pode viver a concretude do “amados, amamos”. Somente quando aprendermos a viver juntos com amor, as pessoas que nos verem poderão dizer de nós aquilo que diziam dos primeiros cristãos: “Vejam como se querem bem”. O cristianismo nunca é uma teoria, é uma pessoa: Jesus, e somente com o exemplo de Jesus podemos viver, ainda que na diversidade, a chamada comum. Sinto, desde sempre, a presença de Jesus na minha vida e sinto no mais profundo de mim querer ser cristão, assemelhar-me a Jesus.

E gostaria que nos ajudássemos para que nos tornássemos cada vez mais...

Hoje, como as pessoas nos veem? Às vezes nos veem hipócritas, porque a nossa vida concreta não corresponde às palavras que dizemos. Às vezes nos veem insignificantes, mornos, porque não sabemos transmitir amor. Às vezes nos veem fanáticos, porque por insegurança parecemos ser mais apegados a pertencer a algo do que a viver de fé. Às vezes nos veem competitivos e ávidos exatamente como os outros. Mil vezes não convencemos.

Não nos deixemos bloquear pelos nossos limites, que existem e que são também a nossa grande oportunidade: é na nossa imperfeição que o Senhor entra e ocupa todo o nosso pobre espaço vazio. E então, eis que se vê, de forma inquestionável, que nós somos uns pobres coitados e é Deus quem faz tudo. É Deus que se serve da nossa pequenez para realizar conosco o seu projeto.

Aceitemos a humilhação do julgamento das pessoas. Pequenos que somos, aceitemos de cabeça baixa, com generosidade e confiança em Jesus, vamos adiante dia após dia. A humildade nasce somente das humilhações.

Bendigamos e continuemos humildemente a caminhar juntos, pela mão do nosso Deus. Com a minha Maria abençoo vocês e vocês nos abençoem.

Ernesto e Maria

Turim, 09 de junho de 2024.

O site utiliza cookies para fornecer serviços que melhoram a experiência de navegação dos usuários. Como usamos cookies

Ok